Nota: Esta monografia será dividida em capítulos,
mais curtos, para uma melhor leitura.
Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro
EM BUSCA DAS ORIGENS – VI
A relação da
população são-franciscana com os índios é nebulosa. São minguadas as
informações deles tendo-se apenas
tangentes de alguns autores, como foi relatado anteriormente o primeiro
registro escrito sobre a existência de índios em nossa região. Diogo de Vasconcelos fez referência à
carta do padre João Aspilcueta anotando que
“o descobrimento se deu no trecho entre
Barra do Mangai e Pandeiros”. Antônio Emílio Pereira também
referiu-se a essa carta anotando: “Visitamos
a barra do Mangai, rio que limita os município de São Francisco e de Januária,
até as proximidades do São Francisco (...) “Esta região, com a nova divisão dos
municípios, pertence a Maria da Cruz” (Memorial Januária – Terra, Rios e
Gente).
Jean Baptiste
Debret, em obra já citada, também
fez um registro da presença de índios em
nossa região: “A grande raça dos Tapuias,
considerada pelos historiadores a mais antiga do Brasil ocupava toda a costa,
desde o Rio Amazonas, até o Prata e, no interior das
terras, desde o Rio São Francisco até o Cabo Frio”(Viagem Pitoresca e
Histórica ao Brasil). Ato histórico
confirmado, posteriormente, por Diogo de Vasconcelos, dando conta que tapuias
estabeleceram ligames de duas aldeias na ilha Guaíbas (São Romão) e Tapiraçaba
(Januária). Como moradores primitivos nessas localidades, certamente, legaram
influência genética na etnia de januarense e de são-romanense. Quanto a São
Francisco, a presença do índio em nosso
território, à falta de registros, enveredamos na senda das hipóteses, algumas bem viáveis. Primeiro temos como
referência a Barreira dos Índios na foz do Rio Acari no Rio São Francisco. Foi
registrado por Diogo de Vasconcelos que índios remanescentes dos tapiraçabas,
após serem derrotados pelas tropas de Januário Cardoso, a pedido da índia
Catarina, filha do cacique e esposa de Manuel Pires Maciel, deixaram a serra de Brejo do Amparo e foram para
a região Acari (Serra das Araras, São Francisco). Não há registro da presença
deles senão referências a guisa de
deduções – a famosa vereda Catarina de Serra das Araras e o nome do rio que por
perto tem nascente. Acari é um nome
indígena; quanto a vereda, à falta de outra explicação, o seu nome é possível
que seu nome teria sido dado em referência da índia Catarina, que facilitou a
libertação dos índios que mudaram para o sertão do Acari.
Sem registro em compêndios de história há notícia da presença de índios na região do território de Serra das Araras, que me foi passada pela dona Jandira de Souza Pinto em entrevista publicada no meu livro Às margens do São Francisco, a cidade. Dos fatos antigos ela conta “que ouviu de seus pais que a vó Honória era índia, e que, quando criança, fora capturada na região do Urucuia” – há citações de vários autores dando ciência que índios tapuias, escorraçados do Nordeste, estabeleceram-se na região do Rio Urucuia que se sabe banha o território de Serra das Araras.
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