sábado, 12 de maio de 2018

CANTINHO DA POESIA

RÉQUIEM AO AMOR

O amor sucumbe-se ferido pela incerteza.
Morre, mas o sonho vive como sua semente.
Não há canto de dor em suas exéquias,
pois dele sempre restará a saudade.
No mundo abissal
a vida pode ser retificada
como o fruto que se desmancha
para libertar a semente;
se vais agora à escuridão
serás luz, pois tens memória.
Tu estiveste nas estrelas trêmulas
e no espelho da lua cheia;
tu brotaste na fonte da vereda
e escorreste entre pedras, nos regatos;
tu foste seixos nos rios,
em busca de teu mar;
Tu foste acordes de sinfonias,
libertando as asas da alma.
Agora visitas a terra,
mas será por um instante;
breve ressurgirás no brilho das estrelas,
pois criastes sonhos.
Não te culpes,
nem deixes que te assome a mágoa;
curva-te, antes aos desígnios,
se buscaste abrir uma porta
– a porta mais querida e sonhada –
e não foste realizado.
O imponderável foge à tua luz.
Contenta-te, porém.
foste fonte de sonhos,
alimento de muita alegria.
Não te encerres na tristeza,
pois levas contigo a saudade.
Viveste, muito viveste.
Agora, desça ao abismo,
prepare teu renascer, tua viagem às estrelas.
É retificando que encontras o caminho,
a luz revigorante. Iluminati.
Descanse em paz. Amém!
João Naves de Melo

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