sábado, 12 de abril de 2025

PORQUE ELE NÃO MORREU....

 

O retrato de Jesus: Em Roma foi encontrado uma carta de Públio Lentulus, legado na Galileia do imperador romano Tibério 
César, que descreve com riqueza de detalhes a beleza e a potência existente na imortal imagem do Filho de Deus.

Semana Santa. Voltamos à Jerusalém na quadra que transformou a história da humanidade. Então, quedo-me diante da carta que o senador Públio Lentulus enviou ao imperador Tibério César descrevendo o retrato de Jesus: “Um homem de grande virtude chamado Jesus, pelo povo inculcado de profeta da verdade e pelos seus discípulos de filho de Deus. É um homem de justa estatura, muito belo no aspecto; e há tanta majestade no seu rosto, obrigando os que o vêem a amá-lo ou temê-lo. Tem o cabelo cor de amêndoa madura, são distendidos até as orelhas; e das orelhas até as espáduas; são da cor da terra, porém reluzentes. Ao meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos. Seu rosto é cheio; de aspecto muito sereno; nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face. O nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, semelhante aos cabelos, não muito longa e separada pelo meio; seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, resplandecendo no seu rosto como raios do sol; porém, ninguém pode olhar fixo o seu semblante, pois se resplandece, subjuga; e quanto ameniza comove até às lágrimas. Faz-se amar e é alegre, porém, com gravidade. Nunca alguém o viu rir, mas, antes, chorar.”

Intentaram matá-lo engendrando um falso julgamento que investia contra as próprias leis vigentes; um julgamento à sorrelfa para ludibriar a opinião pública. Mataram-no? Ledo engano, plantaram sim a semente do amor no coração dos homens, pois Jesus era o próprio amor. Imaginemos, hoje, que Jesus quis ser apenas um cordeiro e, contudo, ele se projetou na esteira dos séculos. Quis ser apenas um servo, mas luziu com toda majestade e permanece no nos corações dos homens. Mais de dois mil anos passados e Ele continua vivo posto que, ainda em nossos dias, é luz que nos conduz, que amaina nossos espíritos em tempos tão conturbados, pois somente o seu amor e o seu Evangelho podem amainar as paixões humanas e harmonizar os seres numa convivência pacífica e jubilosa.

Jesus era filho da Galileia, uma terra de homens ignorantes. Por que se fez tão grande se tão pequeno se mostrou? Por que meio a homens rudes Ele luziu, ainda que apenas quis ser um servo? Por que Ele se projetou na esteira dos séculos: quando apenas quis ser um cordeiro? Que exemplo para os poderosos hodiernos (ou de todos os tempos) que querem a majestade se impondo pela força ou por meios espúrios.

Uma semana de reflexão para que rememoremos a mensagem que Jesus nos trouxe do Pai celestial e, em seu amor, vivamos a esperança da graça misericordiosa. É o melhor que pode nos acontecer....

EXPOSIÇÃO ARTESANAL

 


Tarde/noite da quinta-feira 10, em um ambiente muito acolhedor na biblioteca pública Dr. Geraldo Ribas,  a Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio Histórico apresentou o projeto Noite Mineira de Museus e Bibliotecas - 10ª Edição | 10 de abril de 2025. O objetivo deste projeto é objetivo estimular a ampliação do horário de funcionamento dos espaços culturais uma vez a cada dois meses, oferecendo ao público, no período noturno, uma programação cultural gratuita, que pode incluir exposições, saraus literários, oficinas de arte, exibições de vídeos, instalações culturais, shows, apresentações de dança, espetáculos teatrais, entre outras atividades e serviços.

São Francisco foi um dos 81 municípios mineiros que participaram deste projeto com a  exposição de telas. A exposição apresentou os resultados do projeto realizado em 2024, que retratando os bens patrimoniais do município por meio do ponto cruz – um artesanato típico da região. A noite foi mediada por Jussara do Nascimento Pereira Madureira (professora e bibliotecária) e Gesilda Rodrigues Paraizo (historiadora do Departamento de Patrimônio Cultural).

O evento contou com as presenças do vice-prefeito Raul Pereira, do secretário de Cultura João Hebber, representantes da Ong Preservar e de muitas pessoas da comunidade.





Comentando


Surpreendente o trabalhado das artesãs que expuseram suas telas  pelo Projeto Pontos Cruzados – uma técnica de bordado que consiste em fazer pontos em forma de "X" no tecido. É uma técnica simples e versátil que permite criar desenhos variados. Mais do que uma técnica, o ponto cruz é também uma forma de expressão criativa e de relaxamento. Com a agulha, a linha e uma tela, é possível criar verdadeiras obras de arte, que carregam significado e carinho em cada ponto. E foi o que se viu nas diversas telas expostas retratando aspectos que representam facetas da história, cultura e belezas de São Francisco tais como: a igreja matriz, o cruzeirinho, igrejinha São Félix, o coreto (cuja imagem suscitou muitas recordações por parte das pessoas que conheceram esse histórico monumento que, estranhamente, foi tombado, não no sentido legal de conservação), a casa da família Coutinho, a imagem de São Félix, os peixes surubim de cabelo e o dourado e, como não poderia faltar, o pescador tendo como cenário o pôr do sol.

Brilharam as bordadeiras demonstrando quão rico é o artesanato são-franciscano o que justifica muito a criação da Casa da Cultura e espaço para exposição do artesanato do município, uma ideia do Preservar já acolhida pelo prefeito Miguel Paulo.



sábado, 5 de abril de 2025

DIA MUNICIPAL DO RIO SÃO FRANCISCO




  Circunstancialmente tomamos conhecimento da criação do “Dia Comemorativo em Defesa do Rio São Francisco”, Lei nº 3535 de 1º de abril de 2024, projeto da vereadora Géssica Braga. Por que circunstancialmente? Uma entidade do município teve a notícia da criação deste “dia”, o que suscitou a pesquisa a respeito, confirmando-se a existência desta lei. Como nada foi feito a respeito, até então, consultando a data da homologação do projeto de lei, viu-se que era de primeiro de abril. Veio a dúvida – seria verdade?

Verdade sim e muito importante, pois o maior patrimônio de São Francisco é o rio São Francisco (material e imaterial em face do seu pôr do sol de fama além fronteiras, de suas lendas e mitos). O escritor são-franciscano Geraldo Ribas gravou uma frase antológica: “o são-franciscano tem o umbigo preso ao rio São Francisco”. Indubitável.

Muito bem, diz o artigo 2º da referida lei: “Todos os anos, durante o dia 3 de junho, o Poder Público Municipal promoverá eventos com caráter educativo, promovendo concursos de redação, poesias, músicas, performances artísticas, seminários e outras atividades com o fim de atender ao disposto estabelecido pelo caput desta lei, alusivos às águas, e também apresentará projetos de gerenciamento e despoluição dos recursos hídricos em todo território são-franciscano”.

Vai além no art. 3º - “As secretarias municipais de Educação e Meio Ambiente juntas, formando programas de conscientização quanto ao uso da água, e inserindo no processo educativo a questão da poluição e do uso inconsequente e indiscriminado dos recursos hídricos”.

Sem dúvida, é uma iniciativa salvífica deitando o olhar sobre a situação dramática do São Francisco. Em todos os sentidos da proposta é preciso ação e, uma imediata diz respeito à poluição. É uma vergonha a ação de indivíduos sem escrúpulos, sem educação ou qualquer noção de civilidade, transformando as barrancas do São Francisco é descarte de lixo de toda natureza. É inacreditável que um indivíduo saia de sua casa com sacola de lixo para atirá-la no rio se existe um sistema de coleta de lixo eficiente na cidade. É pura maldade, insanidade. O professor Roberto e universitários da Unimontes, campus de São Francisco, têm trabalhando neste sentido, o que leva a recorrer à história da beija-flor querendo apagar um incêndio. Eles fazem a sua parte e dão exemplo. 

Então, que esta lei seja tomada ao pé da letra e que haja uma preparação especial para implementá-la com programas bem definidos no próximo  dia 3 de junho, quando ela completa o seu primeiro aniversário.

ALAVANCANDO O TURISMO

 


Merece um olhar especial da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo a ação que vem desenvolvendo a associação Identidade Barranqueira com a atenção voltada para o turismo focado no rio São Francisco. Uma de suas atividades, e muito interessante, é  o passeio em um trecho do rio, geralmente ao pôr do sol, com duas etapas especiais: o passeio para apreciação das belezas do rio ao tempo em que vão sendo contadas histórias e lendas da região, especialmente do rio – caboclo d´água, surubim de cabelo, entre outras, e apreciação do pôr do sol, um espetáculo divino de rara beleza e própria para  a meditação, Outro momento é a concentração dos participantes do passeio no restaurante Peixe-vivo com uma fantástica visão do rio na chegada da noite, para degustar comida típica da região e para manifestações sobre o passeio e falas poéticas.

Equipe à frente do roteiro: Carla Duarte (presidente), Adriana (historiadora narrando as lendas) e Priscila (declamando poemas).

No domingo passado, o passeio contou com a participação do procurador Jarbas Soares e sua mãe, dona Rosinha, que contou histórias sobre a construção da igreja Matriz tendo seu pai, Oscar Caetano Gomes, como presidente da comissão encarregada da construção. E mais: duas crianças que cedo estão sendo entronizadas nas belezas e importância do rio: Maria (Allan e Rachel) e João Pedro (Michel Spina e Priscila) que em  duas oportunidades manifestou o seu respeito e amor pelo rio.  

Os passeios ecológicos e turísticos que a Identidade Barranqueira promove, por sua conta, já esteve em discussão no Conselho Municipal de Turismo de São Francisco, com um roteiro da mesma natureza, com dois trajetos definidos: um até a Barreira dos Índios e outro a Ilha do Lajedo, os dois com registros históricos e culturais muito interessantes.

Destaque-se, para o sucesso do roteiro, o trabalho de Dirceu com sua chalana (Deuza do São Francisco – com Z mesmo) com todos os requisitos determinados pela Marinha do Brasil.

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo - Membro da Comissão Mineira de Folclore


Sétima parte


DANÇAS DO SÃO FRANCISCO

CARNEIRO

Domingos Diniz registrou na revista da Comissão Mineira de Folclore que o Carneiro é uma variação da umbigada. Mário de Andrade, em seu Dicionário Musical Brasileiro registra o verbete “carneirada” como provável dança das margens do São Francisco. As Danças sofreram muitas mutações durante os séculos, fruto de miscigenação, influência de costumes locais, aculturamento e até mesmo por um fato comum: migração - alguém, ao deixar suas paragens leva as notícias de sua vida e a sua arte, que noutra localidade, por simbiose, é imitada ganhando outro apelido como disse Câmara Cascudo, pois o homem simples gosta de dar nome a tudo e sempre o faz a seu modo, criando palavras por não ter entendido bem a original.

Na formação das famílias são-franciscanas destaca-se a origem nordestina e, assim é possível deduzir que o Carneiro possa ser originado das danças da umbigada, como aceita Diniz, ou Baiano e o Batuque, entre outras, por causa da coreografia, nordestina.

A dança: as caixas rasgam o ar com batidas fortes, frenéticas, incitando à dança alucinante. Um caboclo salta para dentro da roda, girando e forçando o peso do corpo numa perna enquanto faz a marcação ritmada acompanhando as caixas – olê, lê carneiro dê; olá, lá, carneiro dá. Uma mulher o rodeia dengosamente. Encontram-se no meio do terreiro, rodopiam; o homem ergue uma perna, empina o corpo para frente, arma um golpe e, no bater forte da caixa, desfere a terrível marrada, batendo nas costas da mulher. Não chegam a se tocar. A simulação, com a batida forte do pé no terreiro, o repique da caixa e a cadência dos versos, dá a impressão que estouram os ossos numa arremetida violenta que lembra a cabeçada de dois carneiros em ferrenha luta.

Tendo-o como uma variação da umbigada, conta-se que o Carneiro foi criado para fugir às restrições impostas pela Igreja e pela sociedade escandalizadas, que reprovavam as umbigadas entre homem e mulher.

É importante salientar alguns aspectos interessantes no Carneiro: tanto na dança, como na música. O onomatopaico: no final dos versos, correspondendo à batida dos pés destaca-se, na música, a sílaba final: olê, lê, carneiro dê! Olá, lá, carneiro, dá!. O o lúdico: na refrega, o caboclo exercita o corpo, uma recreação depois de uma jornada de trabalho, ele encontra no prazer da dança, no contato corporal, com o chão e no sapateado o relaxamento espiritual. O telúrico: ele abre a alma à brincadeira, à glosa, às coisas que o prende à terra: bichos, plantas, histórias e paixões.

sábado, 29 de março de 2025

ASPECTOS CULTURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO

 João Naves de Melo - Membro da Comissão Mineira de Folclore


DANÇAS DO SÃO FRANCISCO


Sétima parte


O QUATRO


É uma dança divertida, que exige muita destreza e atenção dos dançadores, pois, ao mesmo tempo, eles cantam e tocam seus instrumentos - violão, viola, rabeca, caixa – podem alternar com pandeiro, reco-reco e balainho. Comumente, como indica o nome, são quatro dançadores que formam uma pequena roda e, ao som do batuque e do canto, iniciam interessante coreografia, trocando de lugares numa evolução dinâmica com muita graça. Às vezes, conforme o número de dançarinos, executam a dança com oito elementos, o que é mais complexo, exigindo-se redobrada atenção e destreza, pois o cruzar de parceiros, tocando seus instrumentos, faz com que muitos têm que se desvencilhar dos braços dos violões e violas e do arco da rabeca, que rodopiam no ar, sem perder o passo que é muito dinâmico e sempre rotativo.

Câmara Cascudo registra a dança com o nome de Quatragem - dança popular do interior de Minas Gerais. Bernardo Guimarães a registrou em seu romance o Seminarista (1872): “A quatragem é a dança pitoresca dos nossos camponeses, dança favorito do roceiro em seus dias de festa, e as delícias do tropeiro, nos serões do rancho, após as fadigas da jornada. Dança vistosa e variegada, entremeada de cantares e tangeres, cantiga maviosa, já freneticamente sapateada ao ruído de palmas, adufes e tambores. Sem ter o desgarre e desenvoltura do batuque brutal, não é arrastada e enfadonha como a quadrilha de salão; ora salta e brinca estrepitosa e alegre, se requebra em mórbidas e compassadas evoluções. Como o próprio nome indica, forma-se um grupo de quatro pessoas. A música é desempenhada pelos dançantes, que, além de uma garganta bem limpa e afinada, devem ter nas mãos ao menos uma viola e um adufe. Há uma quantidade incalculável de coplas para acompanhar esta dança, e a musa popular cada dia engendra novas. São pela maior parte toscas e mesmo burlescas e extravagantes; todavia algumas há impregnadas dessa maviosa e singeleza poesia que só a natureza inspira”.

Em São Francisco  o quatro ou quatragem não fugiu das origens. É a animação das festas, principalmente no solstício de verão, quando os foliões saem na sua jornada para adorar o Menino Jesus. Não há Folia de Reis sem o Quatro, que é a preferida de todos. A dança, por si, enche os olhos. As letras sempre lembram os animais da preferência do folião, ligadas à uma paixão, ou contam histórias passadas na comunidade – o pesquim, como dizem.

Uma das quadras divertidas do folião Locha:

Vô mimbora/Vô mimbora, não/Xô, meu canarinho/Oê, minha sabiá/ Canarinho nas primeiras águas/Subiu na roseira pegou a cantá/Canarinho é meu amô/Sabiá o meu pena/ Na lua vai quem qué/La num tem prefeito e fiscal/Nem Veríssimo, nem Badé/Lá os cachorro veve a cuma qué.

sábado, 22 de março de 2025

CONSELHO MUNICIPAL DE SEGURANÇA PÚBLICA EM PAUTA

 


O comandante 13ª Cia Independente da PMMG de São Francisco, Ten-cel Wilson Fabiano, convidou representantes de alguns setores da comunidade são-franciscana para debater a instituição do Conselho Municipal de Segurança Pública – CONSEP – em São Francisco que, anteriormente, chegou a funcionar no município estando, contudo desativado.

A convite do comandante Wilson, o tenente Eliseu, do Pelotão das PMMG de Brasília de Minas fez uma ampla exposição sobre a instituição e funcionamento do CONSEP tendo, como modelo o conselho similar existente em Brasília de Minas, que vem operando com muito sucesso. Ressaltou-se a importância do conselho, sua finalidade e o que pode representar para a comunidade. Após a explanação do tenente Eliseu foram  formuladas várias perguntas e dadas sugestões a respeito. Decidiu-se, como primeira medida, a instituição de uma diretoria provisória para elaborar o estatuto e o regimento do conselho, preparar a realização de uma assembleia para a sua criação e eleição da primeira diretoria. 

Foi eleita a diretoria provisória, assim constituída: presidente,  José Passos, vice-presidente, Rita de Cássia Mendes; secretário, João Naves de Melo, tesoureira Eliane Ribeiro.   

Por fim, determinou-se realizar a assembleia para apresentação do estatuto e eleição da diretoria, no dia 27 deste mês, às 15h na Câmara Municipal.


O QUE É O CONSEP


O Conselho Comunitário de Segurança Pública (CONSEP), que já está instalado em diversas regiões, firmou-se como tendência a partir dos anos 90 e vem aprimorando a relação entre a PMMG e a sociedade. É um espaço de exercício da cidadania consciente, onde todos participam e contribuem para uma vida comunitária sem atropelo e insegurança.