domingo, 5 de maio de 2024

NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS

 Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, 

mais curtos, para uma melhor leitura.


Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro



EM BUSCA DAS ORIGENS – XVI

  

      AS FAMÍLIAS - I

 “Se a bibliografia expõe o estudioso aos azares das versões inexatas, ou quando nada discutíveis, o que não se esperar da pesquisa de campo sujeita a visão pessoal dos depoentes. Não serão, porém, essas possíveis de equívocos de terceiros, que irão diminuir a importância do trabalho “ Wilson Nunes.

            Tenho uma vivência de 64 anos em São Francisco, onde aportei, muito jovem, para dirigir uma unidade das Escolas Caio Martins – Dentro de Treinamento para Jovens Líderes Rurais. Barranqueiro do Bagagem (Estrela do Sul), enraizei-me nas barrancas do Rio São Francisco que, em tempo, conquistou-me de todo, ou quase todo, pois ainda guardo indeléveis lembranças do Rio Conceição, tributário do Rio Urucuia, chegando, através dele, ao São Francisco. Ao curso desta vida estive voltado, com intensidade, para  o universo são-franciscano: sua gente, sua cultura, sua história; para  o rio, o cerrado com suas veredas, flora, fauna e lagoas. Estive numa vivência de corpo e alma neste universo. Além de educador, dediquei-me à escrita através do jornal “SF-O Jornal de São Francisco”, do qual fui cronista, redator e depois diretor. Nas páginas do “SF” fui registrando o cotidiano são-franciscano e, com isso, tomei tento pelo seu folclore, incentivado pelos diletos amigos Saul Martins e Domingos Diniz, publicando artigos semanais como resultado dos meus mergulhos no dia a dia dos barranqueiros e sertanejos. Através desses escritos fui alçado membro efetivo da Comissão Mineira de Folclore. Naveguei por  muitos anos nesta onda de sensações pulsantes. Publiquei livros resumindo a minha vivência intelectual tendo com fim precípuo o homem, o cerrado e o rio. Anos depois, assumi a direção e redação dos jornais Nosso Tempo e o Barranqueiro e, por fim, na área da comunicação, criei o Portal Veredas, veículo digitalizado. Foram os instrumentos para navegar em mares recônditos da vida de muitas famílias são-ranciscanas, levando suas histórias ao livro Às margens do São Francisco – o rio e sua gente. Com a participação do caro amigo Elmiro Jr, entrevistei cem famílias, publicando, semanalmente, a sua história nestes jornais. Foram história muito ricas, um registro de épocas, pois muitas das pessoas entrevistadas viveram os dias primeiros da história de São Francisco e um período marcados por fatos históricos de grande importância. Então, lembro-me, que em certa ocasião, um leitor fez um comentário a respeito de uma entrevista publicada dizendo que a narrativa não era fidedigna. Ponderei com ele que aquele registro correspondia ao que fora vivido pelo entrevistado, era a verdade dele, que eu não poderia interpretar de maneira diferente. Com o tempo, ouvindo outras pessoas, alguns fatos mereceram uma visão diferente,  ou seja, outra visão. Contudo, mantive a entrevista como colhida fora. Assim, alguns questionamentos podem ser repetidos agora na reedição dos nomes famílias registradas naquele livro e  outros acrescentados. 

            Vi-me, nos meados do ano de 2023, com o propósito rebuscar as origens das famílias são-franciscanas quanto à formação de sua etnia. A iniciativa se deu pelo fato de não ter encontrado nenhuma publicação a respeito. Referências esparsas encontrei no livro de Brasiliano Braz, que não me contentaram. Determinei-me a enfrentar a tarefa nada fácil e são tantos os motivos: muitos dos entrevistados não conheciam ou lembravam da biografia de suas famílias. Assim, de antemão, considero, o que certamente ocorrerá com possíveis leitores, que muitos detalhes que trago  à publicação são susceptíveis de equívocos e até mesmo de omissões; atenho-me à observação de Wilson Liz para tomar a empreitada que julgo de ter importância para nossos pósteros, ainda no que cunhou Michel Haward, com uma verdade fundamental: “Todas nossas crenças sobre o presente dependem de nossas crenças sobre o passado”.

            Então vamos mergulhar em nosso passado, para  solidificando nosso presente, ter o que guardar para o futuro do nosso tempo.

            Por fim, faço um esclarecimento: elenquei as famílias sem distinção de épocas, ou seja, da sua chegada a São Francisco; nem sempre consegui encontrar o patriarca de uma família, limitando-me, no caso, em fazer o registro do casal mais próximo de sua implantação em São Francisco. Nem sempre será citada a consorte do casal, pois levei em consideração, sobre a questão de origem, a procedência  do chefe de família. Então, é possível que sejam suscitadas algumas observações a respeito que, no caso, terei como naturais.

            Faço, incialmente, uma ressalva: grande parte dos dados a respeito das famílias pesquisadas resultaram de entrevistas com  representantes das mais longevas. Assim, em alguns casos, teremos meras referências sem aprofundar nas origens.

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