Nota: Esta monografia será dividida em capítulos,
mais curtos, para uma melhor leitura.
Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro
EM BUSCA DAS ORIGENS – XVIII
Determinar a origem das famílias são-franciscanas é uma empresa quase irrealizável por inteiro. São tantos os fatores. Primeiro: não há registro escrito da constituição das primeiras famílias que aqui plantaram uma civilização. Segundo: uma considerável parcela das famílias tradicionais passaram pela história sem deixar descendentes conhecidos Terceiro: Na atualidade, muitas famílias consultadas não conhecem bem a origem de seus ancestrais, ou não retornaram as nossas consultas. Destarte, o nosso trabalho se apresenta como resgate das famílias conhecidas. De tempos mais recentes para que amanhã elas também não resvalem para o esquecimento à falta de registros escritos. É possível que, com o tempo, surja um historiador, de fato, com mais tempo e recursos financeiros para aprofundar numa pesquisa das famílias omitidas.
Preliminarmente, à guisa de registro recorri ao livro São Francisco no caminho da história de Brasiliano Braz que, antes de escritor, foi partícipe da história de São Francisco no período de 1905 quando da sua vinda de Brasília de Minas, sua terra natal aos 8 anos, até o ano de 1989, quando ocorreu o seu encantamento.
Brasiliano Braz registra nomes de políticos que ocuparam cargos na Câmara Municipal da Vila de São José de Pedras dos Angicos e, depois de 1877, quando da criação da cidade de São Francisco. São raras, contudo, as citações dando a origem desses políticos que aqui plantaram uma civilização a partir de 1876, data da instalação da Câmara Municipal, transferida de São Romão. Resta-me relacionar o nome desses políticos porque, de fato, foram oriundos das primeiras famílias da cidade de São Francisco, consequentemente do município. Certamente, se for de bom alvitre, conhecendo este trabalho, quem se identificar com os nomes lembrados poderá dar uma contribuição à nossa história trazendo as suas origens. O quase certo é que eles, em sua maioria, são oriundos de regiões do Nordeste e assim, portanto, chegando a São Francisco pelo caminho do rio São Francisco.
É mister destacar, uma vez mais, o roteiro da chegada das famílias que constituíram a sociedade são-franciscana, a saber:
Caminho pelo rio, resultado da migração de nordestino para a região do Sul, em especial São Paulo, em busca de melhoria de vida, êxodo provocado pelas constantes secas e notável abandono por parte dos governantes que deles só lembram em épocas eleitorais. Muitos vieram com destino certo, tendo como informações os pioneiros que aqui se assentaram; outros decorrentes de casualidade – na passagem pela cidade que se despontava como promissora, desembarcando de vapores numa visita frugal tomaram gosto e não seguiram viagem. Fatos registrados por José Ferraz e João Próbio. Outras famílias chegaram com destino certo, por ouvir falar sobre a comunidade que prosperava ou por chamado de familiares ou amigos. Trouxeram em suas bagagens nos vapores uma semente nordestina: costumes, alimentação, música, dança, vestuário e a dialética especial que logo foi cognominada de “baianeira”
Pelo caminho do sertão, houve uma trilha primeira, formando-se interessantes núcleos. Matias Cardoso se fixou nas margens do São Francisco. Antônio Gonçalves Figueira embrenhou-se no sertão, estabeleceu uma fazenda nas cabeceiras do Rio Verde estabelecendo a fazenda Jaiba e, mais na frente a fazenda Formiga, hoje Montes Claros. A irradiação geográfica e etnográfica logo se deu em diversas rotas formando-se diversos núcleos no Norte de Minas. Com tempo foram surgindo as povoações Monte Azul, Espinosa, Janaúba, Contendas, Santo Antônio da Boa Vista (São João da Ponte) (dela Ubaí, Ponto Chic e Luislândia). Deste ramo geográfico muitas famílias vieram se assentar em São Francisco. Uma referência especial ao vale do Gorutuba que teve destaque especial na construção da etnia são-franciscana – os negros, João Batista de Almeida Costa, in “Norte de Minas, cultura catrumana, suas gentes, razão liminar”, dá o rumo: “intensas fugas de escravos, para afluentes pestilentos como o rio Verde Grande, Pequeno e Gorutuba, etc... (onde) criaram quilombos e eram imunes às maletas”, Temos registros de diversas famílias que migraram do Gorutuba para São Francisco por ocasião de uma grande seca ou para escapar da sanha de fazendeiros. Exemplo maior é o da comunidade de Buriti do Meio de Eusébio Gramacho, hoje quilombola Buriti do Meio.
Então, seguindo esta linha, teremos o registro de muitas famílias oriundas de municípios vizinhos, especialmente Brasília de Minas (e Luislândia e Ubaí, quando distritos). Famílias constituída pela corrente migratória do interior.
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