Nota: Esta monografia será dividida em capítulos,
mais curtos, para uma melhor leitura.
Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro
EM BUSCA DAS ORIGENS – VIII
Encontrei
indícios da gênese da nação barranqueira do São Francisco em informações da
antropóloga Rita Heloisa de Almeida
(filha do barranqueiro, de Januária, Manoel José de Almeida), na Revista de
Estudos e Pesquisas, editada pela FUNAI, com título Xacriabá – Cultura,
História, Demandas e Planos, que interessam ao nosso trabalho. Uma reafirma o já anunciado
anteriormente: “Na segunda década do
século XVIII, eles (xacriabás) são convocados a se aliar ao mestre Januário
Cardoso de Almeida, filho de Matias
Cardoso, nos confrontos bélicos contra o inimigo em comum – os Kaiapós. Em
reconhecimento aos serviços militares prestados, ganharam liberdade e um lote
de terras delimitado pelos rios Itacarambi, Peruaçu e São Francisco”. Essa informação coaduna-se com outras que informam
ter Januário Cardoso, com a morte de
Matias Cardoso, assumido o posto de Regente
do São Francisco, nomeado pelo Governador-geral, substituindo Matias Cardoso fundador de Morrinhos, hoje
Matias Cardoso, senhor de extensa área
no médio São Francisco, nela incluída São Francisco. Destarte, São Romão,
Januária e São Francisco só podem ter origem depois de 1720. Outra informação importante no estudo de Rita Heloisa que nos
interessa diretamente: “Por ocasião da fundação de uma nova fazenda,
Nossa Senhora do Amparo do Brejo Salgado, erguida sobre a aldeia Tapiraçaba,
hoje Januária, os xacriabás são forçados
a se deslocar para o rio Urucuia” (entendo melhor que seria região do
Urucuia, que abrangeria o Rio Acari onde eles foram assentados segundo Diogo de
Vasconcelos). Outra informação importante, dela: “Os primeiros habitante brancos da região compreendida entre os
municípios de São Romão e Manga foram
Matias Cardoso de Almeida e Manoel Francisco de Toledo. Eles foram os
conquistadores e povoadores do médio São Francisco.”
Assenta-se que
a civilização do Médio São Francisco
aconteceu por uma providência encetada pelo Januário Cardoso que, segundo Diogo
de Vasconcelos, assumiu as terras de seu
pai Matias Cardoso, nomeado Regente do Médio São Francisco pelo
Governador-geral com a incumbência de reprimir a pirataria que infestava o rio
de alto a baixo para garantir a livre navegação e de pacificar aquele imenso
território. Prudente, Januário acolheu o
“exemplo sugerido pelos índios, que tinham suas tribos independentes e ligadas
apenas ao poder do cacique. Assim ele executou o sugerido doando aos seus
parentes e amigos íntimos, o governo e o domínio das aldeias e, assim, nasciam
os arraias com seu governo, resultando nas fazendas de Pedras de Cima (São
Francisco) e Pedras de Baixo (Maria da Cruz), que reforçaram as tropas de
Januário Cardoso nas conquistas da ilha
das Guaribas (fundação de São Romão) e
Tapiraçaba no Salgado (Januária). Os xacriabá, em reconhecimento ao
apoio dado a Januário Cardoso, segundo Rita Heloísa, foram contemplados com
terras: “vivem no município de São João das Missões,
em 29 aldeias espalhadas nas duas terras demarcadas Xacriaba e Xacriabá
Rancharia”.
Encontramos, assim, em nossa etnia,
o branco e o índio.
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