O rio São Francisco, maior rio totalmente brasileiro, considerado o “fator precípuo da existência do Brasil”, o rio da “Integração Nacional”, tem uma pungente história da sua navegação.
Rio Volga principal via fluvial da Rússia, fundamental para o transporte, economia, cultura e ecossistema
Os dois importantes rios têm, em comum, o registro de uma pungente história: os barqueiros.
No rio São Francisco as barcas faziam o transporte de cargas e passageiros no percurso entre Pirapora e Juazeiro num percurso de 2.300 km em viagens que duravam quinze ou mais dias. Segundo Zanoni Neves (Os remeiros do Rio São Francisco) “as varas que os remeiros utilizavam para empurrar as embarcações rio acima eram instrumentos de trabalho contundentes, isto é, produziam ferimentos ... O contato do instrumento de trabalho com a pele do “reculta” (recruta), ou seja, o remeiro que que se iniciava na profissão, provocava o surgimento de pequenas bolhas no peito, conhecidas entre eles como cabeça de prego. Na verdade iniciava-se desta forma um processo inflamatório. Até consumar-se a cura, o principiante passava por uma longa e dolorosa iniciação, podia culminar com a utilização de toucinho quente, fervendo (ou sebo quente) aplicado ao ferimento – considerado pelos veteranos muito útil para a formação do calo. Às vezes era preciso segurar o recruta pelos pés e pelas mãos, pois a terapia não era propriamente indolor. O toucinho quente servia para cauterizar a ferida, formando-se então o calo”. Diz Zanoni que mesmo doente, o remeiro às vezes submetia-se ao trabalho para não sofrer agressões de seus pares. A alimentação dos remeiros, comum, era a jacuba feita de farinha de mandioca, rapadura e água.
A história dos barqueiros do Volga e do São Francisco reflete a dureza e a resignação dos trabalhadores ribeirinhos. Ela evoca a imagem de pessoas simples, que enfrentam o sofrimento, a exaustão e o peso de sua sina com determinação e resistência, simbolizada pelo repetido comando "Firme, puxa!". Há uma comparação entre a grandiosidade indiferente do rio e a dura realidade dos barqueiros, que, apesar do sacrifício, continuam em sua jornada. Há uma reflexão sobre o destino e o ciclo da vida, inspirada em conceitos como o de semeadura e colheita, sugerindo que tudo tem seu tempo determinado, conforme ensinado pelo O Caibalion. O texto busca consolar e homenagear esses "pobres inocentes", reconhecendo a dureza de sua existência e desejando-lhes um descanso ou recompensa divina.
Triste trabalho e sina dos barqueiros, uma vida difícil e sofrida dos barqueiros, trabalhadores que puxam ou empurram barcos ao longo dos rios. Ele mostra a luta e a dor que enfrentam diariamente, carregando cargas pesadas e sentindo o cansaço e o sacrifício físico. Apesar de toda essa dificuldade, eles continuavam firmes em seu trabalho.
O que se deduz: a mensagem espiritual que, apesar das dificuldades, há um tempo certo para tudo. Ele traz a ideia de que existe um equilíbrio na vida, onde o sofrimento faz parte de um ciclo maior. Segundo a espiritualidade, tudo está conectado e nada acontece sem um propósito. Os barqueiros, com toda a sua dor e esforço, também têm um lugar e um momento de descanso no plano divino.

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