sábado, 28 de setembro de 2024

AS CASAS – X

 


  Vamos dar um passeio pela praça Centenário dos anos 1960, então praça Oscar Caetano Gomes que, à exceção das barrancas do São Francisco, pode ser considerada como  principal marco histórico da cidade e, tanto é que, ainda hodiernamente, em  complexo com a avenida Presidente Juscelino, é palco dos principais eventos cívicos da cidade.
Quanta história vivida, quantos moradores, quantos empreendimentos. Cenário da época: Pensão do Hugo Albernaz, Hotel Comercial de Dona Ana Medrado, casa de Clício Figueiredo e salão de beleza de  Vanda Vignoli, Aliança Comercial Ribeirinha, Bar Trianon de Nelson Spina (sorvete, picolé, bebidas e mesas de bilhar tão frequentado aos domingos), mais tarde Loja Capri e Silvana de Mário Mendes e Conceição Figueiredo, República dos advogados Pedro Mameluque e João Ortiga, e do contador José Agapito; casa dos Caetano,  comércio de Dim e Enéas, casa/bar de Ló e Mariinha,  prédio do Correio, destacando-se a imorredoura figura de Queridão – Alegria-alegria; casa de Francisco Amorim, João Pio e dona Emília Botelho. Bar do Manoel, casa/comércio de Odilon Barbosa, loja e boate Alvorada de Geraldo Meireles (onde cantaram Altermar Dutra e esposa, Marta Mendonça; comércio de Necésio; casas da família Brandão e de Raul Coutinho, Farmácia de Arnaldo Lima, Frigovale, casa de Agabo Ribas (Café de Dona Luzia e agência de embarque da jardineira, que fazia a linha São Francisco – Montes Claros), Casa São José de Agabo Ribas, comércio do Fulô Mendonça e, portentoso, tomando conta de um lado da praça, totalmente, o Cine Canoas de tantas histórias, palco de shows artísticos com bandas famosas, programas de auditórios  para a criançada aos domingos, animado por Helvécio Peron. No meio da praça, o símbolo de uma era, palco de serestas, de pregações na Semana Santa e de espaço para brincadeiras de crianças:  o Coreto.
    Aos poucos, chegando os tempos modernos, a praça foi tomando nova feição. Do passado, com seus históricas casas restam poucos e, no mais, só fotografia.

ALIANÇA COMERCIAL RIBEIRINHA LTDA.


    Importante e destacada comércio varejista e atacado que  Oscar Caetano Gomes implantou em 1939. Era muito avançado para a época, comercializando tecidos, calçados, ferramentas agrícolas, cereais, um açougue e grande estoque de algodão e mamona. Em uma ocasião Oscar Caetano fretou um apor para exportar mamona para Pirapora.
Com atividade comercial diversificada, a Aliança chegou firme aos 85 anos de existência, a mais tradicional casa comercial da cidade.

sábado, 21 de setembro de 2024

BARQUEIROS

 


AS CASAS – IX

 

       A praça Centenário já foi Largo Santo Antônio com uma pequena igreja consagrada ao santo do mesmo nome e tendo ao fundo o Mercado Municipal. No governo de Oscar Caetano Gomes passou a ser denominada Praça da República, depois, por longo anos, Oscar Caetano Gomes, que como prefeito a reformou e modernizou, com trabalho especial de jardinagem e a construção do saudoso coreto, incompreensivelmente destruído, quando deveria ser tombado como patrimônio histórico e cultural. Por fim,  na comemoração dos 100 anos da criação da cidade de São Francisco foi denominada Praça Centenário, nome que guarda até o presente.

     Foram focalizadas anteriormente no Portal as casas das famílias Caetano e Coutinho. Nesta edição registra-se mais duas casas que fizeram história: comércios de Francisco Gonçalves Mendonça (Chiquinho Mendonça) e Odilon Barbosa.

 

COMÉRCIO DO FULÔ MENDONÇA

 

            Tradicional comércio até o ano de 1995, quando faleceu seu proprietário, Floriano Gonçalves Mendonça. Àquela época, o que precisasse o são-franciscano encontrava nela – era fantástico. Contudo, a história daquele comércio tem raízes em um fato marcante na história de São Francisco, o famoso Barulho de 1926, que obrigou  Francisco Gonçalves de Mendonça (prefeito de São Francisco eleito em 1950) a retirar-se, com sua esposa para São Romão onde nasceram os seus filhos Floriano, Aristomil e Oduvaldo. Em 1934 ele regressou a São Francisco e criou a firma Francisco Gonçalves Mendonça, instalada na antiga Praça da República, hoje Centenário. Com a morte de Chiquinho Mendonça, o comércio passou para seu filho Floriano Gonçalves Mendonça. No prédio funciona, atualmente, a Drogaria Uninorte, que revivi o antigo estabelecimento com uma fotografia/mural de volta ao passado – uma paisagem bucólica retratando, de um lado, o antigo Mercado Municipal com vários bois ruminando em repouso depois de uma árdua jornada trazendo mercadoria do meio rural. Vale a pena vê-la.

 

 CASA ODILON BARBOSA

           

            No lado extremo da praça Centenário outro comércio também se destacava. E tem história. Em 1933 Odilon Rodrigues Barbosa, casado com Izabel Dourado, deixou São João do Piauí atraído pelo Sul. A viagem até Remanso, na Bahia, foi a cavalo levando o primogênito José na garupa e dona Izabel com a filha  Ernestina no ventre. Deixaram os animais em Remando e embarcaram-se em um vapor com destino a Januária, onde Odilon desembarcou deixando dona Bezinha a bordo. Olhou e não tomou gosto. Decidindo-se por São Francisco, voltou ao vapor e seguiu a viagem, Desembarcando em São Francisco fez contatos com amigos e em pouco tempo estava montando o seu comércio. Trouxe na bagagem muitas redes, esteiras, artefatos do artesanato nordestino e pronto, nasceu o seu comércio que, com o tempo, consolidou-se numa casa comercial com variada gama de produtos –  armarinho,  tecidos, ferragem,  gás e depósito de algodão e mamona nos fundos. A fachada da casa não era grande, mas seu interior era muito extenso, quase um quarteirão. Com a morte de Odilon e a aposentadoria  de seu sucessor, o filho Leonides, o comércio foi extinto e a casa, atualmente,  tem outro.

 


 

sábado, 7 de setembro de 2024

AS CASAS – VIII

 

 

Das casas e casarões remanescentes guardado ficou um pouco da história de São Francisco como tem registrado o Portal Veredas. Três belos casarões ficaram na saudade. Deles apenas a casa sede do antigo Campo de Sementes da Secretaria de agricultura, depois Escola Caio Martins tem guardado registro fotográfico conhecido. O Regalito, o imponente sobradão de Tarcísio Generoso (farmacêutico e político na década de 1910) levantado na antiga vila de Pescadores, hoje bairro quebra e o sobradão da Fazenda Renascença em um belo outeiro, hoje bairro São José.

O tempo não para e, felizmente, muitas casas, belas casas resistiram à sua passagem – não são muitas na Praça Centenário que já foi Largo Santo Antônio, Praça XV de Novembro e Oscar Caetano Gomes. Nesta edição vamos focalizar duas delas.

Solar dos Caetanos, uma bela casa e das mais antigas da praça construção dela foi iniciada por Djalma Baeta, adquirida por Oscar Caetano Gomes em 1932 que conclui a construção no desenho hoje conhecido. Ela foi palco de importantes reuniões políticas e de recepção de autoridades à cidade. Ela foi reformada por dona Lená, filha de Oscar Caetano Gomes, que nela reside. Para manter as raízes na cidade, o neto de Oscar Caetano Gomes, o procurador Jarbas Soares Júnior, a adquiriu.

 

SOLAR RAUL COUTINHO

 

Foi construída por Antônio Bispo dos Santos e deixada como herança para Casilda Dulce dos Santos e irmãs. Foi adquirida, depois, por Antonio Marcondes de Menezes e, por fim, vendida ao comerciante Raul Coutinho que nela residiu e constitui família casando-se com a mestra Alzira Coutinho. Esta casa guarda a mesma  faixada depois de reformada por Raul Coutinho, um belo frontispício que, segundo a mestra Alzira, em entrevista ao jornal O Barranqueiro, “teve o pano que o cobria descerrado ao som de banda de música”.

Dr.  Max, neto da mestra Alzira, planeja reformar a casa, naturalmente conservando o seu padrão arquitetônico.