Nota: Esta monografia será dividida em capítulos,
mais curtos, para uma melhor leitura.
Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro
EM BUSCA DAS ORIGENS – XIII
São tantas as descrições da saga do africano na colônia. Um aspecto abordado por Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling (Brasil uma Biografia) foi o da Civilização do açúcar: “Difícil entender como este local, período entre o paraíso e o inferno, iria aos poucos se definir como território importante para o comércio de doçura e fazer largo uso do chamado ‘trato dos viventes’, também conhecido como ‘infame comércio de almas (...) É a partir de 1650, que o açúcar, em especial aquele feito de cana, converte-se de um luxo raro num produto corriqueiro e basicamente obrigatório.”
Uma contribuição muito interessante sobre a questão da
escravidão vem do jesuíta Antônio Vieira. No Sermão do rosário levanta a voz
contra a escravidão. “Os senhores poucos,
os escravos muitos, os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os
senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores
tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo como deuses; os
senhores em pé apontando para o açoite, como estátua de soberbas, e da tirania,
os escravos prostrados com mãos atadas atrás como imagens vilíssimas de
servidão e espetáculo de extrema miséria. Oh! Deus. Quantas graças devemos à
fé, que nos destes, porque ela só nos cativa o entendimento, para que à vista
destas desigualdades reconheçamos, contudo,
vossa justiça e providência Estes
corpos não crescem e morrem como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os
cobre o mesmo céu? Não os esquenta o mesmo sol? Que estrela é aquela que
domina, tão, triste, tão inimiga, tão cruel? Quem pudera cuidar que as plantas
regadas com tanto sangue inocente houvessem de medrar, nem crescer e produzir
senão espinhos e abrolhos?”
O padre Antônio Vieira com sua poderosa
eloquência, em seus sermões, insurgiu
contra a escravidão, lutou em defesa dos índios, plantou escolas e, chamou
atenção especialmente, como um jesuíta, pela defesa dos judeus, investindo-se
com firmeza contra a inquisição. Esse posicionamento, segundo seu biógrafo João
Lúcio de Azevedo, citado no ensaio Padre Antônio Vieira e os Judeus, de Arnaldo
Niskier, fez dele “o homem mais
detestado de Portugal”.
A
mancha: liderado sobretudo por Portugal e Espanha, buscou-se na África
subsaariana pessoas para serem escravizadas nas colônias e satisfazerem as
necessidades de mão de obra agrícola e da mineração. Nesse processo, assim como
os países europeus tomaram riquezas naturais de suas colônias situadas nas
Américas, também confiscaram riquezas naturais africanas.
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