sábado, 16 de março de 2024

NOSSA CIDADE: FATOS HISTÓRICOS

 Nota: Esta monografia será dividida em capítulos, 

mais curtos, para uma melhor leitura.


Igrejinha e cruzeirinho de Teodoro



EM BUSCA DAS ORIGENS – XIII

  

        São tantas as descrições da saga do africano na colônia. Um aspecto abordado por  Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling (Brasil uma Biografia) foi o da  Civilização do açúcar: “Difícil entender como este local, período entre o paraíso e o inferno, iria aos poucos se definir como território importante para o comércio de doçura e fazer largo uso do chamado ‘trato dos viventes’,  também conhecido como ‘infame comércio de almas (...) É a partir de 1650, que o açúcar, em especial aquele feito de cana, converte-se de um luxo raro num produto corriqueiro e basicamente obrigatório.”

            Uma contribuição muito interessante sobre a questão da escravidão vem do jesuíta Antônio Vieira. No Sermão do rosário levanta a voz contra a escravidão. “Os senhores poucos, os escravos muitos, os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo como deuses; os senhores em pé apontando para o açoite, como estátua de soberbas, e da tirania, os escravos prostrados com mãos atadas atrás como imagens vilíssimas de servidão e espetáculo de extrema miséria. Oh! Deus. Quantas graças devemos à fé, que nos destes, porque ela só nos cativa o entendimento, para que à vista destas desigualdades reconheçamos, contudo,  vossa justiça e providência  Estes corpos não crescem e morrem como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os cobre o mesmo céu? Não os esquenta o mesmo sol? Que estrela é aquela que domina, tão, triste, tão inimiga, tão cruel? Quem pudera cuidar que as plantas regadas com tanto sangue inocente houvessem de medrar, nem crescer e produzir senão espinhos e abrolhos?”

            O  padre Antônio Vieira com sua poderosa eloquência, em seus sermões,  insurgiu contra a escravidão, lutou em defesa dos índios, plantou escolas e, chamou atenção especialmente, como um jesuíta, pela defesa dos judeus, investindo-se com firmeza contra a inquisição. Esse posicionamento, segundo seu biógrafo João Lúcio de Azevedo, citado no ensaio Padre Antônio Vieira e os Judeus, de Arnaldo Niskier, fez dele  “o homem mais detestado de Portugal”.

A mancha: liderado sobretudo por Portugal e Espanha, buscou-se na África subsaariana pessoas para serem escravizadas nas colônias e satisfazerem as necessidades de mão de obra agrícola e da mineração. Nesse processo, assim como os países europeus tomaram riquezas naturais de suas colônias situadas nas Américas, também confiscaram riquezas naturais africanas.

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