sábado, 14 de julho de 2018

VOZES DOS CIDADÃOS

João Naves de Melo

MARLENE PINTO CUNHA

 Professora Marlene é parte importante da história de São Francisco, pelo ramo familiar e pela grande contribuição dada no campo da educação, como professora, inspetora de ensino e diretora.
Ela nasceu em São Francisco no dia 13 de setembro de 1934, filha de João Pinto Novais, nordestino de Crobogó – PE, e Hilda Guimarães Pinto, nascida em Montes Claros – ela foi do primeiro quadro de professores do grupo escolar Coelho Neto, tendo atuado, antes, em escola particular, de dona Eralina, situada no rua Padre Paraíso, próxima à casa de Tuzinho.
Marlene cursou o primário no grupo escolar Coelho Neto (hoje escola estadual). Foi, depois,  para Januária, onde permaneceu estudando durante 7 anos, no internato do Ginásio São João que, àquela época, recebia alunos do sul da Bahia e de outras regiões de Minas. Marlene faz boas referências do colégio que era dirigido pelo padre João Florisval Montalvão, um grande mestre.
De Januária, Marlene foi para Montes Claros onde no Colégio Imaculada fez o curso de normalista – muito comum, naquela época, para as moças da sociedade são-franciscana. Formou-se no ano de 1953 e, no ano seguinte, começou trabalhar como professora no grupo escolar Coelho Neto, onde permaneceu durante 7 anos. Deixou a sala de aula para criar, em São Francisco, a inspetoria municipal de ensino, que foi regulamentada pelo Estado ficando no cargo durante 3 anos.
Fato marcante viria acontecer depois: por puro idealismo Marlene criou a EE Raul Reginaldo. Ela tomou conhecimento que tinha o decreto de  criação, mas não tinha a  escola. O governo criou a escola, mas não tinha onde ela funcionar. Então ela tomou a empreitada de instalar a escola, mas sequer tinha os móveis (carteiras). Foi à luta realizando quermesses e pedindo ajuda no comércio. No segundo ano conseguiu o mobiliário para a escola com a ajuda de Manoel Almeida, educador que via nela muito idealismo. Depois, com o então prefeito Aristomil chegou o mobiliário novo. A escola começou a funcionar na antiga casa dos Mesquita (casarão que existia na praça da Igreja Matriz há muitos anos demolida) Isso foi em 1966. Marlene então deixou  a EE Coelho Neto, onde atuava como professora designada, e foi ocupar o cargo de diretora da  Escola Raul Reinaldo. Veio o concurso público do Estado para função de professora e Marlene a ele se submeteu , sendo classificada em 1º lugar e, assim, voltou à EE Coelho Neto como professora efetiva. Em l988 para 1989 ela aposentou-se. Aos cinquenta anos de idade deixou São Francisco por contingência da vida, ou seja, o encaminhamento dos filhos nos estudos, indo primeiro para Brasília-DF e, depois para Montes Claros  onde vive atualmente.
A VIDA FAMILIAR
Marlene casou-se em 1954 com José Carlos da Cunha – Cazuza – secretário executivo do hospital de São Francisco, então unidade da Fundação SESP. Com ele teve os filhos: Diana Maria, Carlos Roberto, Virgílio, Ernesto, Paulo Guilherme, José Carlos, Dione Maria, Denise Maria e Esnard.
Foi o casamento de duas importantes famílias: Pinto e Cunha. Cazuza era filho de Arnaldo Cunha, membro de uma importante família são-franciscana que, entre tantos e ilustres membros, encontram-se o coronel José Ortiga, Heráclito Ortiga, João Ortiga, Lado, Izo, Ló que tiveram destacado papel na história de São Francisco.
MARLENE E A MÚSICA
Violinista de formação (curso no Conservatório Musical  Lorenzo Fernandes de Montes Claros) ela se inclinou, muito cedo para a música. No Colégio São João, Januária, ela participou da orquestra que era dirigida por dona Zizi, muita famosa na região. Em São Francisco ela teve como mestra a musicista Virgínia Canabrava – “um fenômeno”, diz Marlene, “ela chamou atenção de professores de música do conservatório Lorenzo Fernandes, que indagavam com curiosidade: “como pode uma pessoa que só toca violão ensinar tão bem violino e bandolim?”
Com o violino Marlene participou, desde a fundação, do grupo de Seresta de São Francisco. Lembra ela que saiu, da E.E. Coelho Neto, uma lista de 60 músicos e cantores, que foram levados ao então prefeito municipal de São Francisco, Severino, que manifestara a intenção de criar um coral na cidade. Dona Virgínia e Clarice Sarmento foram as primeiras coordenadoras dos ensaios do grupo que contava, além de Marlene, com Zilma Magalhães, Conceição Figueiredo, Ivanilde Lacerda, Natália  Canabrava, Conceição Figueiredo, Lourinha da Mata, como instrumentistas.
Formando, o grupo de seresta fez uma brilhante apresentação em Diamantina e outras cidades do estado, sempre com muito sucesso.
NOS CAMINHOS DE SÃO FRANCISCO
Curiosidade histórica que marca a família da professora Marlene Pinto em São Francisco. Sabe-se que as origens de São Francisco tem maior ligação com o Nordeste e o principal  tronco de sua etnia veio por dois caminhos: pelo rio São Francisco e pelo interior. Pelo rio São Francisco vieram os primeiros, de Domingos do Prado e Oliveira, descendente de Matias Cardoso, a viajantes que, com o correr dos anos, singraram as água do rio em vapores. Pelo interior, outro remanescentes do povoado Morrinhos, hoje Matias Cardoso, Antônio Figueira, que fundou a fazenda Formiga que, mais tarde veio a ser Montes Claros. Por esse caminho, no desbravar o sertão, famílias chegaram a Contendas (Brasília de Minas) dela a Jacu (Luislândia) e, depois a São Francisco.
Por um desses caminhos vieram para São Francisco João Pinto Novais (Pernambuco) e Hilda Guimarães Pinto,  Montes Claros.

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