Despretensiosamente, dias atrás,
dei-me com uma passagem bíblica que me emocionou muito e, de imediato, levou-me
a algumas digressões. A frase está em
citação de Lucas, 8: 45-46. Narra um fato singelo, se não tomado em sua extensão.
Uma pobre mulher que padecia de um mal incurável, fluxo de sangue, que não
encontrara cura com médicos, tendo esgotado todos seus recursos. Soube ela da
passagem de Jesus onde ela morava e o
viu, meio a enorme turba, passando pelo caminho. Com esforço aproximou-se dele.
E o que fez? Tocou-lhe, com um dedo, o manto e, imediatamente curou-se do mal.
Jesus percebeu e disse: “Alguém me tocou: porque eu conheci que de mim saía uma
virtude”. Ninguém pôde respondê-lo e ele insistiu. Nisto a mulher se aproximou
e postou de joelhos aos seus pés e se desculpou. Jesus, complacente, a ela
dirigiu: “Filha a tua fé te salvou: vai-te em paz”.
Esplendor
de duas virtudes pregadas por São Paulo: fé e caridade. Deu-me a consistência
do entendimento da missão de Jesus na terra: a Luz, a misericórdia de Deus
revelando Seu amor aos homens. Tão excepcional foi o fervor daquela mulher
acreditando que com um simples toque no manto de Jesus seria curada; e Jesus,
ao sentir a virtude desprendida dele: a caridade. O amor que resume
inteiramente a doutrina de Cristo. Que melhor poderíamos ter buscando Jesus?
Nada
mais precisaria ser dito. Mas refleti: não estamos vivendo um tempo em que se
faz necessário ressaltar a presença de Jesus iluminando nossa seara? Nisso,
lembrei-me de uma pregação do padre Leo (um santo homem) inspirado em
Colossenses, concitando-nos: buscai as coisas que são lá de cima, onde Cristo
está assentado à destra de Deus. “Cuidai das coisas lá de cima, não nas coisas
que há sobre a terra”.
Então encontramos
força, especialmente em espírito – pois é através dele que podemos chegar ao
Pai, não em matéria. “Encontrar uma meta e manter o passo firme em direção às coisas
que estão no Alto é próprio daqueles que sabem superar os desafios e que não se
deixam abater diante das dificuldades. Para aqueles que não querem parar nem
desanimar diante dos problemas, é preciso continuar!” – Pe. Leo.
O
que vamos levar carimbado, em nossa vida na terra, para depositar aos pés do
Criador como legado de uma vida que se passou, da qual nada fica para merecer
refrigério na vida espiritual? Tenho
certeza, como tantos brasileiros, sem querer fazer qualquer juízo, mas
na reflexão do que vejo e sinto, que em
nosso sofrido País, muitos políticos e magistrados estão agarrados aos
bens temporais, carimbando o perverso que, certamente, não serão propícios ao
Criador. Serviria de consolo? Não, seria de imensa tristeza.