quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

QUE TAL UM BOM-DIA?

À medida que a cidade cresce, com o aumento da população, ocorre um fenômeno inverso quanto à socialização: as pessoas vão se isolando, vivendo em compartimentos sociais restritos – familiares e de amigos. Lá se foram os tempos em que havia cordialidade, cultivavam-se amizades, que eram comuns os abraços ou apertos de mãos. 
Não indo longe, observo o que acontece na orla do Rio São Francisco, quando das caminhadas matinais e vespertinas, como fato corriqueiro no encontro (ou desencontro) de caminheiros.
Os motorizados. Quem passa de carro está geralmente com os vidros fechados, quando não, os olhos estão longe, na linha da avenida, sem desviar, sequer para um aceno. O motoqueiro ou motoqueira, passa zunindo, com olhos escondidos na viseira do capacete (ou não), atentos ao longe – é raro um aceno ou toque de buzina. Não é diferente no caso dos ciclistas – passam como se somente eles estivessem no mundo, não olham de lado, não acenam, nem um oi.

E vêm os caminheiros. Se não é conhecido, esqueça-se do bom-dia, do oi, do sorriso ou pequeno aceno. Passam pessoas circunspectas que dão a impressão de estar caminhando por obrigação – coisa de saúde –, e nunca por prazer. É raro um bom-dia espontâneo. Se vêm em dupla, conversam entre si e nem dão bolas para quem com elas cruza no caminho. Mais triste é quando vem uma pessoa com o terço na mão, dedilhando as contas: olhar fincado no chão, rezando, rezando. Talvez se estivesse olhando para o céu, tentando alcançar o Pai, pudesse ver o irmão que passa ao seu lado, lembrando o que ensinou Jesus: amai-vos uns aos outros…
É tão agradável quando se ouve um bom-dia e possa responder da mesma forma com um sorriso.
Lembro-me de um caso ocorrido alguns anos atrás. Uma ciclista vinha, ganhou a orla pedalando sorridente, cumprimentava sorrindo as pessoas. Repartia alegria. De repente passou por um grupo de rapazes, deu bom-dia e nada de resposta. Indignada, parou a bicicleta, olhou para trás e bradou: “Ei gente! Bom-dia!” Surpreendidos, os rapazes se deram conta do ato falho e responderam uníssonos, também com alegria, BOM-DIA! 
Ora, estar com o irmão com um sorriso, um aceno, um oi, nos faz crescer como entes sociais, como família. Se temos um bom dia é sinal que estamos vivos; se estamos vivos é por vontade de Deus. Assim, se Ele nos dá um bom dia, por que não dar também aos nossos irmãos um bom-dia?!
Assim, BOM-DIA!

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